Introdução aos estudos do discurso e à obra de Michel Foucault
Questões sobre a “pós-fotografia” nas imagens contemporâneas de Arte
Dr. Philippe Dubois - Sorbonne Nouvelle-Paris 3
Mesa 01
No palco e nas telas: regimes de visibilidades e produção de sentidos
Deformar sentidos, transmutar pela arte: uma experimentação na formação de professores de Ciências e matemáticas
Sílvia Nogueira Chaves
PPGECM/UFPA
O
Projeto (AUTO)BIOGRAFIA, ARTE E CINEMA NA FORMAÇÃO DOCENTE consiste em
uma proposta de investigação que se lança à exploração, experimentação
de algumas interseções teóricas e tecnológica na formação de professores
da área de Ensino de Ciências e Matemática Tal proposta vem sendo
pensada a partir de estudos desenvolvidos no campo da formação docente
que articulam linguagem, cultura, produção de subjetividade tomando como
base as narrativas autobiográficas que transversalizam modos de pensar a
formação como um processo estético de criação através da arte,
particularmente do cinema. A integração/discussão dessas temáticas
trazem possibilidades de avanços científicos para a pesquisa no âmbito
da formação docente e, por certo, contribuirão com avanços nas ideias e
ações para a Educação em nosso país. Em linhas gerais as questões que
orientam a investigação que ora propomos podem ser assim sintetizadas:
Em que aspectos as narrativas (auto)biográficas na feição artística
permitem pensar a formação fora das noções de identidade, universalidade
e regularidade? Que efeitos, modos, forças motrizes essa perspectiva
produz na transmutação de práticas formativas que rompam com a noção de
supostos universais antropológicos? Atentos a essas indagações
objetivamos: Explorar o potencial da linguagem artística
auto/cinematográfica em experiências de formação de professores da área
de Ciências e Matemática; Investigar como essa modalidade de escritura
pode contribuir para pensar o campo da formação para além das formas
canônicas do conhecimento de si, da auto-identificação e da reprodução
de modelos de ser e de práticas docentes. Em termos metodológicos o
trabalho será pensando por meio de um percurso cartográfico, que opera
por variações, diferenças e não pela ordem da semelhança. Nessa
perspectiva, a pesquisa toma como referencial de estudo autores da
filosofia da diferença, tais como: Foucault, Deleuze e Guattari.
O corpo objetivado pelo olhar do fora
Cleudemar Alves Fernandes
LEDIF-UFU
O
estudo que ora propomos destina-se a mostrar o corpo como um texto a
ser lido, no qual, sob o olhar o do outro (“do leitor”), o olhar
exterior, materializam-se discursos. Assim o corpo torna-se suporte de
um sujeito objetivado, pelo olhar exterior, como sujeito de identidade
social. Para nossas reflexões, tomaremos como âncora uma coreografia que
John Lennon da Silva, um rap, fez do ballet A Morte do Cisne e a
apresentou em um programa de TV. Vislumbramos apreender os sentidos
produzidos a partir do olhar do júri sob o dançarino antes, durante e
após sua apresentação, o que desencadeou mutabilidade na objetivação que
fizeram do sujeito. O que está em questão não é o corpo, mas o sujeito
de ação, produzido por uma exterioridade social, cultural e política,
marcada por movimentos, traços estéticos, etc. Considerando, ainda, que
os discursos materializam-se pela linguagem verbal e por elementos de
natureza não verbal, tais como imagens, gestos, exibição de aspectos
corporais, vestimenta, mostraremos justamente a materialização de
discursos em um corpo, cujos movimentos implicam transformações de
sentidos e do sujeito, e possibilitam a objetivação do sujeito pelo
olhar exterior, o olhar do fora.
A Amazônia em cena na produção jornalística televisiva nacional
Vânia Maria Torres Costa
PPGCLC/UNAMA
Mesa 02
Convergência Culturais, Estética , Tecnologia e Relações de
Poder na Web
A Amazônia através
das telas: povos indígenas e convergências Culturais
Ivânia dos Santos Neves
UFPA
A
Amazônia, gradativamente, começa a ser atravessa por cabos de fibra
ótica, o sinal via satélite e rádio se propaga na região e os
smartphones animam a vida na web. Em contrapartida, existem mais de 30
grupos de índios isolados na floresta e em muitas localidades, não
existe energia elétrica sistemática. Os limites políticos, novamente,
não fazem sentido, pois a sociedade midiatizada não respeita as
fronteiras nacionais. No Brasil, acompanhamos a Primavera Árabe e, de
longe, vimos os regimes autoritários sucumbirem diante de suas
inconsistências políticas e da pressão nas redes sociais. Diante destas
transformações, fica a sensação de que estas frentes midiáticas, com
suas particularidades históricas, fazem parte da realidade do “outro”.
No entanto, as denúncias de violação dos direitos indígenas no Brasil
são exibidas pelo Facebook, pelo Twitter e não se limitam mais às
fronteiras nacionais. Nos perfis de indígenas, nos blogs e em alguns
sites institucionais, um número crescente de postagens visibiliza
silenciados lugares de fala que propõem um ativismo na rede, mas também,
de forma criativa, apresentam suas singularidades culturais nas telas
dos diferentes objetos tecnológicos. Na Amazônia, onde vive a maioria
dos povos indígenas, não existe primavera e ainda não podemos prever o
que vai acontecer por aqui. Minha fala tem como principal objetivo
mostrar a presença das culturas indígenas neste desenho multifacetado e
convergente das redes de comunicação neste início de século.
Corporificação e corporeidade na Web: presença do olhar e de si por via da fotografia
Corporificação e corporeidade na Web: presença do olhar e de si por via da fotografia
Neste
trabalho, propõe-se uma discussão dos processos de corporificação e
corporeidade na web como efeitos da própria forma de participação dos
sujeitos nos espaços da web, sobretudo nas redes sociais, e como efeito
da constante presença das câmeras digitais no cotidiano, que parece vir
instaurando certa nova forma sujeito-histórico-digital. Participar de
redes sociais poderia significar, para alguns, apenas a criação de
logins e senhas de acesso, tendo, assim, a permissão para utilização de
sistemas de navegação e utilização de ferramentas, por exemplo. Entretanto,
para, de fato ocupar o espaço enunciativo do sujeito digital, em redes
como o facebook.com, e ser identificado, lembrado como um seu membro,
uma condição de prática de linguagem se coloca: a de que seja visível,
tanto através da disponibilização de fotos de si, como das fotos por si
tiradas dos lugares visitados ou das situações vividas. As fotos de si
presentificam o corpo na rede e as fotos dos lugares ou pessoas
enfocadas pelo seu olhar pela câmera materializam as narrativas
individuais, imageticamente construídas, presentificando o olhar do
sujeito na história e atestando ao outro os fatos da própria narrativa.
Isso é possível pelo acesso cada vez maior a equipamentos, sobretudo o
telefone celular, que permitem a utilização de câmeras fotográficas e
arquivamento de fotos. Sem que haja a presentificação do corpo e do
olhar para o mundo por via dessas imagens, corre-se o risco de ficar
silenciado na rede, num auto-exílio. Do
acesso ao equipamento digital e à rede social, reflete-se, neste
trabalho, portanto, sobre como o sujeito que olha a história é cada vez
mais, o sujeito que fotografa a história e faz circular suas fotos, que
faz visível ao outro seu olhar pela câmera fotográfica, e através dele,
se faz visível na web.
Minha
proposta é discutir os regimes de visibilidades e seus entroncamentos a
partir da produção audiovisual Matinta, curta-metragem de Fernando
Segtowick, estreado em 2013. Tenho como meta central demonstrar como o
regime do visível é marcado por leis e agenciamentos de regimes de
dizibilidade e audibilidade na construção dos sentidos, marcados no
corpo. Não tomarei a lenda amazônica em sua espessura per se, mas a
colocarei em rede de emissões de história e memória de maneira que como
lenda possa ser entendida e materializada no lugar não apenas de um
sujeito localizado, mas colocando-a em rede com o modo de viver e de ser
dos sujeitos do nosso tempo seja em Belém, São Paulo, Nova York ou
Tókyo. Em resumo, de um lado, tenho como objeto discursivo um
curta-metragem, que tratará de regimes do audiovisual para mostrar os
reflexos de quem somos nós hoje nesse momento histórico; de outro,
evidenciar que somos movidos pelos quereres que permeiam nossos amores,
nossas dores, nossa região, nossa nação, ao mesmo tempo em que poderemos
falar da arte de viver que se adequa aos prazeres do sujeito do dia
atual. Isto é, quero falar de um lado de quem somos nós nesse momento. A
Matinta Perera não está lá fora, ela está dentro de nós, tod@s.