quinta-feira, 2 de maio de 2013

As Palavras e As Coisas


Gostaria de mostrar, por meio de exemplos precisos, que, analisando os próprios discursos, vemos se desfazerem os laços aparentemente  tão fortes entre as palavras e as coisas, e destacar-se um conjunto de regras, próprias da prática discursiva. Essas regras definem não a existência muda de 
uma realidade, não o uso canônico de um vocabulário, mas o regime dos objetos.  ‘As palavras e as coisas’ é o título – sério-  de um problema; é o título- irônico- do trabalho que lhe modifica a forma, lhe desloca os dados e revela, afinal de contas,  uma tarefa inteiramente diferente, que consiste em não mais tratar os discursos 
 como signos (elementos significantes que 
remetem a conteúdos ou a representações),  mas 
como práticas  que formam sistematicamente os objetos 
de que falam.  Certamente os discursos
são feitos de signos;  mas o que fazem é mais que 
utilizar esses signos para designar coisas. 
É esse mais que os torna irredutíveis  à língua e ao ato da fala.
 É esse ‘mais’que é preciso fazer aparecer 
e que é preciso descrever.
Michel Foucault em "Arqueologia do Saber" 

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